quarta-feira, 3 de abril de 2013

ENTERTEXTO


“Você pode trocar de roupa sem mudar de pele”.  Machado de Assis

Em cima do meu armário tem uma sacola. Em cima do meu armário tem uma sacola gigante onde se vê a Torre Eiffel (paleta cafona) e o nome Paris grafado em letras graúdas. Em cima do meu armário tem uma sacola gigante onde se vê a Torre Eiffel (paleta cafona) e o nome Paris grafado em letras graúdas: dentro dela eu não sei o que tem. Hoje eu sonhei com você. Sonhou? Ai, ai...Amanhã tem novena, não rezo. Não, não é por falta de fé, constrangimento mesmo.  Muita, muita vergonha, sabe? De pedir algo a Deus, assim em público, sei lá...Ela estava tendo pensamentos dourados. I'm looking through you eu já te contei a história do Sêneca? Quantos poemas são passíveis de saber de cor? E quantos não são? Era briluz e as lemolisas touvas, tá vendo aquele homem? Não, qual? Qualquer um, quanto mais se especula sobre as personagens menos se sabe sobre elas. Aqui em casa tem uísque mas não tem gelo. As pessoas são descartáveis cara, inclusive eu e você . A Era de Peixes começou em 498 D.C. e só termina em 2658 D.C., início da Era de Aquário. Quero morar em Montevidéu. Você sabe o que quer dizer hipocampo indomado? Existem certas unidades lexicais que tanto a sua afirmação, condição ou questionamento não atinge seu conteúdo. Coloque uma Marguerita na sua fossa. Preciso terminar esse texto, esse não o que serve para alguma coisa. Qual sua cor preferida? Aquela que não dá para saber se é azul ou verde.  A busca da palavra mínima gera a palavra obsessiva.  Mr. Tambourine partilhou o teu estado. Ele tinha os olhos amarelos de assassino. Sonho: no meio da praça um menino estende-me as mãos cheias de moedas antigas enquanto a mãe informa-me que ele possui a carne de vários Babalorixás no exato instante em que peixes psicodélicos voam pelas calçadas varrendo meus pés para dentro da voz do Jaegger no despertador. Achei que isso era bom. Love has a nasty habbit of dissapearing over night a inserção do olhar do autor narrador na imagem tem uma conotação amorosa mas hoje é domingo o certo seria ouvir Van Morrison sacar a rolha de um destino qualquer e preparar sanduiches de ervas que comeríamos nus a beira da estrada. Mais é tanta coisa, né bixo? Acho que só consigo gostar verdadeiramente de foto em preto e branco. You were above me but not today quando penso nas pessoas que amo elas sempre me vêm à mente assim, que nem o gato da Alice: primeiro o sorriso, depois o corpo, depois o rosto. Tem uma música da Elis Regina que eu nunca consigo me lembrar, isso me dá uma angústia féla da puta. Adoro cheiro de aeroporto, banca de revista e filtro solar. Ela estava em frangalhos. Vincent van Gogh  convidou-te para experimentares a aplicação Corte também as minhas orelhas. A obra pode ser classificada simultaneamente de realista e irrealista, a personagem central do texto é construída de ausências, o real nos é apresentado como um mosaico de discursos estereotipados e inverossímeis. You're not the same. Querida, você esta indo as compras? Preciso de um xampu... Um pouco do seu tanino ainda está no meu canino o outro pouco está nas saudades que ainda não deu tempo de ter. O tempo do amor é o tempo do corpo: Na minha câmara escura, mais uma vez havia uma mulher sem rosto e sem corpos precisos, configurando simultaneamente todas aquelas poucas outras mulheres da minha vida.  Você está passando por um novo transito astrológico.  Jonh Fante convidou você a gostares de sua página. To vendo um filme aqui. O narrador transforma seu próprio olhar em imagem. Suas definições de vírus foram atualizadas. We Are Infinity. Ou não... Pera ai que vou te ligar.

sábado, 30 de março de 2013



Hoje eu quis fazer um poema fada ligar para você do nada para ver se você me ladra para ver se você me bata para ver se você me mata para ver se você me manda uma mensagem desvairada que incinerasse toda magoa para ver se você me cata para ver se você me cala para ver se você me fala para ver se você me faca para ver se você me voa em um poema a toa qual musica boa para ver se você me traz para ver se você me faz para ver se você me jaz para ver se você me jazz. Hoje eu quis fazer um poema depois dez um poema cama ligar para você do vinho para ver se você me ama para ver se você me estranha para ver se você me encana para ver se você me cana para ver se você me cansa para ver se você  me cospe nas três letras do fim, vai ver que a gente é assim um poema sangue um poema morte para ver se você me lambe para ver se você me corte para ver se você me langue para ver se você me sorte amiúde do fim. Hoje eu quis fazer um poema breve para ver se você me leve para ver se você me deve para ver se você me vede para ver se você me enxergue nesse poema cego o amor é ego para ver se você me entrego para ver se você me pego para ver se você me prego em um poema de jeito em um poema malfeito em um poema defeito desfeito para ver se você me da jeito. Hoje eu quis fazer um poema perfeito, mas você também poderia: bem feito.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Faz um beijo que não te vejo



E aquém desse ensejo
Errante pelejo
Invento ou prevejo
Outro desejo
A lua é de queijo
O tempo é lampejo
Num outro velejo
Onde não te beijo
E vejo.

domingo, 30 de setembro de 2012

Ilusões

Eu ontem fui a uma feira uma dessas feiras de livros livros novos e desusados livros para não serem lidos livros para se carregar embaixo do braço e os encontrei lá, juntinhos: as aventuras de um messias indeciso as quais tambem chamamos de ilusões e um montão daqueles livrinhos hare Krishna, que nós costumávamos ler entre uma carona e outra para qualquer lugar do mundo, vendidos a um real. Imediatamente fui tomada por uma inebriante felicidade e uma vontade imensa de comprar tudo aquilo e remeter a você ou a mim mesma pelos correios usando quem sabe um nome fictício ou qualquer outra coisa que denote quem eu sou ou gostaria de ser na realidade, mesmo que não seja a real, foi quando subitamente alguma coisa vibrou dentro de mim e então eu me lembrei: lembrei que era meu celular e que você estava on line no meu facebook e que nós não enviamos mais nada pelos correios nem usamos mais pseudônimos para inferir quem nós somos ou quem gostaríamos de ser porque se até hoje nós não somos quem gostaríamos de ser, nosso próprio nome além de fictício soa também inverossímil, quase como uma piada mesmo, e me lembrei que além de não saber o seu endereço postal acabei de me mudar e ainda não sei nem o meu ai eu me lembrei também que já tenho quase trinta anos e que todas essas coisas são bobagens porque uma hora a gente tem que mudar né e tem que se mudar para algum lugar do mundo abruptamente sem incenso nem choro nem vela sem livrinhos hare krisnhas ou manuais embaixo do braço. Ironicamente acabei comprando um livro um livro de história porque faz farte do meu oficio resgatar o passado mesmo que seja sem glória porque não dá para pensar ou ser sem memória, pelo menos isso me paga um taxi e embora eu não possa dizer a ele: Para qualquer lugar do mundo dá para murmurar um : Pela praia tá moço, por favor. Será que eu posso fumar?
Com cristo de braços e abraços abertos o messias sou eu e "Tudo isso pode estar errado.".

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O Problema do meu melhor amigo ou o amor é só um parêntesis




Eu hoje resolvi acreditar em Deus e também no Paulo Coelho enquanto rateio doses cavalares da minha falta de interesse pelo individuo ser humano  homo sapiens sapiens ou aquilo que usualmente chamamos de pessoas com o meu melhor amigo ( esse que tem um problema que na verdade é de todo mundo mais eu vou fingir que o problema é só dele mesmo porque fica mais delimitado e bonito assim) a minha melhor amiga e um caso que eu tive há algum tempo atrás ( que poderia ou deveria ter sido o homem da minha vida a minha alma gêmea ou a minha “outra parte” plagiando o mago plagiário que um dia já foi um homem  que repartia a cerveja com o Raul mais hoje é só um mago mesmo ) num espaço que poderia ser uma grande távola de madeira vermelha e redonda mais é só as janelinhas azuis aqui do meu Facebook mesmo no exato instante em que recebo pelas costas a fala da personagem central do filme*: Há aproximadamente dez momentos decisivos na vida de uma pessoa e os problemas os grandes problemas epistemológicos existentes ou desistênciais advém sempre e inevitavelmente da nossa incapacidade de identifica-los com exatidão ou enquadrá-los instantaneamente.  Isso sou eu que estou transcrevendo mesmo cá com as minhas palavras visto que também eu sou uma personagem porquanto também tenho um problema porque eu sou o meu melhor amigo que tem um problema que é da minha melhor amiga e que é idêntico ao do caso que eu tive há um tempo atrás porque nós somos a personagem central do filme e qualquer pessoa pode ser deus assim como todo mundo todo mundo mesmo é o Paulo Coelho.
Aquém da verdade esse texto começa assim: Era uma vez o amor ai depois acaba e vem um ponto final por isso escrevo essas outras coisas tantas a fim de tornar tudo isso mais fresco mais simples e bonito como quando o homem da minha vida era um caso que eu tive há um tempo atrás e ninguém no mundo ninguém mesmo tinha pudores de desacreditar e acreditar no amor citar o Caio ou a Clarice no tempo que todo mundo tinha tempo inclusive para ser deus e o Paulo Coelho era só um homem  que repartia a cerveja com o Raul e a única coisa relevante a se “curtir” era só a vida mesmo.
Amanhã precisarei viver por volta das oito da manhã, talvez não dê tempo de acreditar em deus magos filmes ou quaisquer outras coisas dessas que aparecem na televisão.  Um beijinho para o caso que eu tive há algum tempo atrás (que na verdade talvez seja só o homem da minha vida mesmo mais eu vou fingir que é um caso que tive há algum tempo atrás porque fica mais delimitado e bonito assim ) os outros pro Deiv pra Naty  pro Raul  e pra minha cartomante que é muito amiga do Paulo coelho, ao menos pelo  facebook. 
“O amor ama amar o amor.”
James Joyce curtiu isso.
*The Trouble with Bliss, 2012.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Aquela coisa II




Tarde
Insossa como café sem leite para molhar biscoitos velhos ou brincar de Cleópatra na banheira ao mesmo tempo em que escrevo seu nome em barquinhos de papel que afogo juntamente com as línguas que me lambem exceto a do gato e a do homem do filme mudo que estou apenas escutando enquanto leio notícias super desinteressantes e o cinzeiro fuma milhares de cigarros no exato instante em que a tela pisca insistentemente pra mim em fragmentos de visão pré concebida não continuada num tipo de cegueira provisória que pare imagens desarrazoadas aleatórias e estupidamente reais. Frente e verso do cartão postal. Lá fora alguém compra a última edição do jornal a tarde se suicida espalhando pedaços enormes de você com gosto de agosto junto com o que sobrou da festa de mim e do almoço do alto da Rio Niterói. Pena que você é um gênio.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Fragmento


...E me lembro de quando eu era criança e os excertos do meu mundo eram peças de um quebra-cabeça, muito menos fragmentado do que hoje a falarem comigo: a minha avó, sentava-se na cadeira de balanço sem nunca se balançar e desenrolava os fios emaranhados de um novelo, negro, negro e negro e tecia, aquém do casaco de lã que ninguém nunca iria usar; histórias fantásticas, de seres fantásticos, de mundos fantásticos. Mundos de onde, nunca estive. Mundos de onde, nunca, pude sair. Mundos que não eram o meu, eu bem o sabia. Mundos que eram meus, e eu não sabia...
E eu nunca soube. De onde vinham esses mundos e os seres desses mundos. Pareciam brotar misteriosamente das páginas do livro negro, negro e negro, que nunca pousava no colo da minha avó, pois este deveria sempre conter o novelo de lã, igualmente negro, que tecia o casaco que jamais, ninguém usaria...
E me lembro que a minha avó, estava quase que completamente cega, e os pontos rebentavam de suas mãos nodosas e frouxas, frágeis e assimétricos, no exato instante em que os seres, e os mundos daqueles seres, chegavam-me assim mesmo; como pequenos pontos, vazados e negros e frágeis e assimétricos, aos ouvidos.
Acredito eu, que da mesma forma, saltaram também aos olhos da minha avó, quando esta manuseava o livro negro, negro e negro, que nunca esteve na estante, que também não podia conter o livro, que estava dentro da cabeça dela. Eu sei, porque este livro estava também dentro da minha cabeça, até um pouco antes da maré encher e encher e afogar-me, num céu negro, negro e negro, como os olhos que me espreitam das páginas; vindos de futuros há muito perdidos e de passados que nunca aconteceram... olhos sem luas e sem estrelas... o livro estava dentro da minha cabeça até o instante que precedeu a minha morte e que me pareceu um céu infinito de eternidades, mas era só o instante, que precedeu a minha morte... negro, negro e negro, e eu estou morto, e não sei onde estão seus olhos que eram o céu, não por serem azuis, mas porque dava vontade de me assentar dentro deles, de me esconder dentro deles, de me falecer, dentro deles, porque eles eram o céu de noite, de noite sem luas e sem estrelas... Negro negro e negro e eu estou morto e não sei onde estão os seres, e onde fica o mundo dos seres. O mundo que passei a vida inteira enredando, mesmo depois de estar, completamente cego... Em noites sem luas e sem estrelas, debruçado sobre o livro negro, negro e negro... da mesma forma como quando a minha avó terminava as histórias, eu me debruçava sobre um céu de jabuticabas que parecia o infinito, negro, negro e negro e passeava pelas horas sozinho, saboreando os seres e os mundos daqueles seres... e me lembro que o tempo era o infinito, e que se arrastava desapressado, no exato instante em que se acabava. Negro, negro e negro, e eu estou morto, e não sei onde está o mundo, o mundo que passei a vida inteira tecendo, dentro da minha cabeça, com o mesmo fio negro, negro e negro, que neste exato instante, um outro homem, senão eu, está tecendo. Num quarto de noite, sem luas e sem estrelas, debruçado sobre o livro, enredando a vida, fio a fio, com o mesmo fio, frágil e assimétrico do casaco de lã, negro e espesso que ninguém nunca, jamais, iria usar.